Sete recomendações para o ensino em tempos de pandemia

Dar conta da sala de aula em diferentes realidades simultaneamente — como lidar com esse desafio, professor?

Joao Silveira
4 min readSep 13, 2021

A educação online exige planejamento e investimento em tecnologia, em formação e na estruturação de um sistema de apoio contínuo ao estudante. Não se trata de uma simples entrega de conteúdo! Precisa ser estruturada de forma integral e nem todos os professores estão preparados ou dispõem de recursos para esse tipo de ensino.

Embora existam inúmeros recursos aos quais eles podem recorrer, a mudança exigida é muito grande — o que pode sobrecarregá-los ainda mais.

No nosso cenário atual, em que os professores precisam lecionar nesse sistema em que alguns estudantes estão em sala de aula e outros em casa, o desafio se torna gigantesco. Além de não receberem formação ou preparação para isso, ainda precisam saber definir quais tecnologias seriam ideais, possíveis e adequadas para lidar com esse problema.

É bastante possível que o que vemos hoje se consolide como uma realidade no futuro, isto é, a educação não estará mais limitada à proximidade física. Enquanto vamos aprendendo com a situação, selecionei sete recomendações práticas para adaptação do ensino em tempos de pandemia:

  1. Conteúdo flexível: no ensino presencial estávamos acostumados a seguir à risca o conteúdo programado para sala de aula, muitas vezes com aulas expositivas extensas e atividades de longa duração. No ambiente online ou híbrido, é difícil manter o mesmo nível de atenção, por isso, é preciso adaptar as atividades para serem mais curtas. E não tem problema se o conteúdo não for dado por completo! O importante é focar no essencial sem perder de vista as habilidades e competências que serão trabalhadas na atividade.
  2. Interatividade é tudo: esse é o ideal em qualquer modalidade de ensino, mas ainda é mais importante quando temos estudantes — ou parte deles — online. É importante planejar as aulas para que ocorra interação a cada 10 ou 15 minutos, isto é, não deve haver períodos longos de exposição sem a participação dos estudantes… Perguntas, exercícios, jogos… Vale tudo para que os estudantes possam aprender de forma ativa.
  3. Regras do jogo: tudo está em plena mudança e o que fazíamos na semana passada pode não ser o mesmo que vamos fazer hoje. Então, é importante conversar com os estudantes antes de cada aula ou atividade e estabelecer as regras do jogo. Não deixe de dizer o que vai acontecer na aula, que ferramentas serão usadas e o que se espera deles durante o tempo de atividade.
  4. Menos é mais: quando o assunto é a seleção de aplicativos para usar em sala de aula, essa é uma boa regra. A ferramenta selecionada deve servir para ajudar a atingir o objetivo da aula. Por isso, vale a pena selecionar somente um aplicativo, conhecer bem as suas funcionalidades e fazer o plano de aula baseado nesses recursos. Usar mais de um aplicativo em uma mesma aula pode rapidamente desviar o foco da aula e causar perda de tempo.
  5. Visões diferentes: alguns estudantes estão em sala de aula, outros estão usando o computador em casa, outros estão usando o celular em casa e nem todos tem boa conexão com a internet. Cada um está vendo o conteúdo, o professor e os colegas de forma diferente — o que deve ser considerado na hora de planejar a aula. Se, por um lado, isso sinaliza para o uso de fontes grandes nos slides, também lembra que, quanto menos slides e mais interação, melhor.
  6. Digital e analógico: mesmo que a aula esteja sendo transmitida online por algum aplicativo como o Zoom, nada impede que os estudantes individualmente trabalhem de forma analógica. Isso pode ser feito desde a simples escrita à mão até a produção de objetos com materiais como cartolina, massa de modelar e tudo que for possível e possa ser conectado ao tema da aula. E o uso desses e outros materiais não está limitado aos estudantes do ensino fundamental. Essa técnica pode ser utilizada com estudantes de todas as faixas etárias até o ensino superior.
  7. Parceiros de estudo: com parte dos estudantes em casa e outros em sala de aula, vale a pena fazer duplas híbridas, isto é, cada estudante em sala de aula atuará como parceiro de estudos de um colega que assiste às aulas de casa. Assim, mesmo à distância, é possível promover a interação social, o engajamento e maior vínculo emocional.

É bastante provável que o sistema híbrido seja uma das tendências da educação pós-pandemia por incentivar a participação mais ativa do aluno estimulando autonomia e protagonismo no seu aprendizado. Além disso, as infinitas possibilidades de interações analógicas e tecnológicas, propiciam a aplicação de conteúdos transdisciplinares no cotidiano escolar. Por isso, é essencial que escolas e universidades tirem proveito deste momento, aprimorem as metodologias de aprendizagem e se preparem para esse cenário.

Originally published at https://artsci.substack.com on September 13, 2021.

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